- Nasceu em Helsinquia em 1932.
- Um dos pioneiros na utilização de plástico no design industrial.
- Formado em design industrial e de interiores no Instituto de Artes Industriais em Helsínquia (1957) e abriu o seu atelié em 1962, actividade que mantém ainda hoje.
- As obras mais famosas: as cadeiras "Ball", "Bubble", "Pastil" e "Tomato".
- A cadeira "Pastil" ganhou o prémio American Industrial Design-Award em 1968.
Objecto de desejo 100%
O artigo de Luís Royal publicado no jornal Independente, 22 de Abril de 2005.
Este ícone incontornável ilustra muito do espírito que a cultura material viveu durante o optimismo Pop, tão em voga na década de 60. E ainda hoje faz sucesso entre o público. Se pudermos chamar a este objecto-de-sentar, a que Eero Aarnio (1932) chamou "espaço dentro de um espaço", cadeira, então esta é uma das cadeiras-vedeta que pontuaram a história do design do século XX.
Reinventando o arquétipo da cadeira em todas as suas dimensões - material, formal, utilitária e cultural - este exemplar insólito veste a negação das linguagens modernistas por que se debatiam os designers em todo o mundo durante esta década. As novas possibilidades produtivas e o boom consumista de uma classe jovem crescente, exigia criações que preenchessem novas aspirações de modernidade e sofisticação. As capacidades produtivas da indústria dos plásticos permitiam corresponder a estas aspirações com novos conceitos e formas de estar, que revolucionaram os meios de consumo, criandouma nova imagem que reflectia uma vivência clara da época com uma visão futurista.
Os funcionalismos redutores do modernismo tornaram-se passado, mesmo com uma consciência da vertente deste movimento que se tornou essencial e por vezes sobrevalorizado em ícones idolatrados. O anti-modernismo a que dá lugar é encabeçado por designers em todo o mundo - e a Finlândia não fica atrás. Eero Aarnio torna-se um autor essencial nas criações destas linguagens e a Ball num exemplo seminal desde a sua apresentação na Feira de Mobiliário de Colónia, em 1966, através do editor finlandês Asko.
A vontade e empenho de Aarnio em criar uma cadeira para sua casa, onde se pudesse envolver numa atmosfera privada, confortável, calma e protectora, leva-o a pensar numa forma envolvente que acabaria por se resumir num dos volumes essenciais da geometria - a esfera. Não rejeitando alguma conotação com um sentido óbvio, dimensiona este volume e molda-o manualmente em fibra de vidro, material que acabaria por libertar as formas de muitas das suas criações, de modo a que corresponda a todas as suas aspirações de privacidade e conforto, surgindo um casulo revestido com espuma e tecido, com uma abertura seccionada na superfície. O modo como assenta apenas num ponto, que é a terminação da base-pedestal, permite que esta gire em torno de um eixo à vontade do utilizador, escolhendo assim a direcção da única abertura nesta atmosfera de recolhimento. O ano que demoraram estes desenvolvimentos e prototipagem foi imediatamente recompensado com o sucesso que conseguiu na primeira apresentação pública.
O preço elevado a que obrigava e as limitações na produção não impediram que rapidamente se tornasse na favorita de vedetas populares e de colecções famosas. Até meados da década de 70, figurou em inúmeros meios da cultura Pop, até cair em desgraça com toda a criaçãoa que estava a par e que elevava os plásticos e as suas formas a vedetas de culto. A década de 90 revitalizou este universo com um revivalismo formal e visual dessas décadas e a Adelta reeditou a Ball, juntamente com outras criações de Aarnio, fazendo-as reviver no meio do ecletismo que a terminação do século XX permitiu. O objecto que reinventa a cadeira, apostando na diversão e numa visão do futuro, então tão em voga, mesmo após 40 anos desde a sua criação, continua a figurar em idealizações de utopias visuais do que será o futuro, sublinhando a capacidade deste tipo de especulações que se multiplicaram na época.
É notável como algumas das marcas do visual Pop vêm de um país escandinavo, em materiais tão distantes das tradições manuais que lá se praticavam. É notável como Eero Aarnio se destacou e tornou vedeta internacional do design durante as décadas de 60 e 70, ultrapassando muitas das figuras do ambiente italiano que então ditava as regras deste "mainstream".
Formado em design industrial e de interiores no Instituto de Artes Industriais em Helsínquia (1957), começa a trabalhar dentro dos parâmetros da tradição finlandesa com o fabricante e editor de mobiliário Asko, que viria a editar algumas das suas criações posteriores. Mas é quando abre o seu ateliê em 1962, com a prática em interiores e experimentalismos , com materiais como a fibra de vidro, que a Asko aposta nas verdadeiras inovações de Aarnio.
As criações em fibra de vidro, com códigos formais e cromáticos que se lhe colaram para a história, deram-lhe fama internacional, que permaneceu até estas criações serem moda. Cria pelo menos três ícones de uma era e, após esse reinado, dedica-se à criação em interiores e mobiliário para espaços de trabalho, com uma descrição seguramente diferente. O final do século fez reviver as criações de Aarnio, que vê as suas obras serem reeditadas por vários editores e novas solicitações para comissões que lhe prolongaram tardiamente o universo que havia criado. Aarnio tornou-se num exemplo eterno para a Escandinávia que ainda hoje figura em inúmeras situações por ser encarado como um marco intemporal , mesmo com as marcas óbvias de movimentos efémeros e tão ligado à moda.
A cadeira suspensa Bubble consegue tornar a ideia da Ball ainda mais clara, retirando-lhe o pedestal em que assentava e tornando-a transparente.
O problema da entrada de luz sempre incomodou Aarnio, pelo que a possibilidade de soprar acrílico num molde e conseguir uma forma, com a mesma facilidade das bolas de sabão, foi por ele considerada uma ideia óptima e absolutamente irresistível.
Esta variação apresenta-se-nos como um doce gigante numa qualquer "wonderland" motivada pelos efeitos dos ácidos.
Espantosamente, a Pastil é resultado de experimentações formais, materiais e ergonómicas.
Em fibra de vidro, permite ter todos os bons acabamentos no exterior do volume, dimensões exactas para o conforto e formas esculturais e sempre diferentes, se vistas de vários ângulos. |